Aumento do gás de cozinha impacta no consumo de famílias mais carentes

Douglas Atina

Embora o preço dos alimentos básicos esteja sendo apontado como o grande vilão da inflação, na verdade, o próprio preparo da refeição ficou mais caro para as famílias, e isso porque o preço do gás subiu mais que o dobro da inflação, chegando a encerrar 2020 com alta de 9,24%.

Inflação

Então, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse aumento representa mais que o dobro da inflação geral registrada em 2020, de 4,52%.

Enquanto nas refinarias, o aumento do combustível foi de 21,9%, com alta acumulada quejá passa de 10%.

Aumento do gás

Lembrando que estamos em meio a uma pandemia que não tem data para acabar, e todo esse constante aumento do gás de cozinha acaba impactando, principalmente, as famílias mais pobres, já prejudicadas pela crise econômica que já existia, agravada pelo surgimento da Covid 19.

Como se não bastasse o constante aumento do preço dos alimentos, as famílias de baixa renda ainda precisam lidar com as constantes altas no preço do gás, que é um item fundamental, e insubstituível, nessa nova dinâmica de home office e de crianças em casa.

Sem dúvida, o impacto do valor do GLP é ainda maior para a população de baixa renda, já que com as crianças sem aula, as famílias acabam gastando cerca de um botijão de 13kg por mês, comprometendo o já sacrificado orçamento do lar.

Reajustes do preço do botijão de gás

Infelizmente, estudos mostram que o peso do botijão de gás na inflação das famílias brasileiras, que ganham até 5 salários mínimos, já alcança a terceira posição.

Por isso, os constantes aumentos no preço do gás vem trazendo preocupação para as famílias brasileiras.

Assim, o botijão de gás de cozinha já pode ser encontrado a R$ 113,00 na região Norte, o mais caro, e a R$ 55,99 na região Sudeste, o mais barato, com uma média, atualmente, de R$ 75,04, segundo levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Petrobrás

Infelizmente, para o bolso do consumidor, a atual política de preços do gás de cozinha, em vigor desde 2019, não restringe o número de reajustes, que antes eram feitos a cada três meses, agora, portanto, pode ser quantas vezes subir o preço do petróleo.

Dessa forma, o valor do gás de cozinha tem aumentado frequentemente e nunca esteve tão alto no país, e isso devido a atual escalada de preços do petróleo no mercado internacional e, também, pela desvalorização cambial.

Isso tudo acaba afetando não apenas o preço do cilindro de 13 quilos, destinado ao uso doméstico, que sairá das refinarias por R$ 37,79, como o GLP fracionado, utilizado por indústrias, estabelecimentos comerciais e condomínios residenciais.

É preciso que se saiba que, mesmo sendo controlado nas refinarias, o preço do gás de cozinha não é tabelado no varejo.

A Petrobras fica, em média, com 46% do preço do produto, enquanto distribuidoras e revendedoras respondem por 36%. A incidência de impostos, como o ICMS, corresponde a 18% do valor.

Mudanças no consumo

Segundo fontes do governo, embora a variação do preço do gás de cozinha seja resultado do preço do dólar e da cotação internacional do petróleo, toda essa queda no consumo de gás de cozinha pelas famílias, acabou contribuindo muito para esse aumento.

Porém, estudos desmentem essa tese, já que a alta no preço do gás acaba refletindo muito pouco no consumo do produto pelas famílias, e isso por não terem outra fonte de energia para substituir o botijão, ou seja, falta de opção.

Inclusive, segundo relatórios, divulgados pelo Ministério de Minas e Energia, se por um lado a demanda do gás tenha mostrado queda em dezembro passado, por outro lado, em janeiro, se observou um aumento de 4,5% no comércio do botijão de 13kg e de 12,8% nas vendas de cilindros maiores, quando comparado ao mesmo período do ano passado.

Ou seja, o consumidor não tem peso nenhum nesse preço abusivo do gás de cozinha e nem poderia, já que precisa se alimentar e não tem como substituir essa fonte de energia.

Deixe um comentário